22 de jan. de 2013

Clube dos 27 - Morte ou fim de contrato?

Não sei quanto a vocês, mas eu fico triste de verdade quando alguma banda que gosto muito acaba, e quando este término é relativo a morte de alguém então!? Posso até ficar de luto, pensando por alguns dias como eu poderia ter "tietado" melhor, ter dado mais curtidas na fanpage do cara (ter mandado cartas psicopatas com letras recortadas de revistas), enfim, coisas que um fã faz e que dão toda razão a existência daquele ser performático que tanto idolatramos.
A propósito, é muito engraçado a forma como esse pessoal costuma morrer. Geralmente são mortes idiotas como: asfixia com próprio vômito, acidentes esquisitos, brigas em butecos... Aquele tipo de situação que é tão constrangedora que, eles devem fazer um compilado no céu com estas cenas e passar num telão como se fosse video-cassetada (a versão do inferno para isso continua como a que conhecemos, com o Faustão narrando e pedindo pra repetir várias vezes).
Isso é curioso mas também no leva a uma outra estranha realidade: a quantidade de músicos que morreram (de forma idiota ou não) aos 27 anos!  É uma lista relativamente grande, que começa no século 19 e vem até os dias atuais. 
Isso não é novidade e sempre se especulou a respeito desta "coincidência". O livro The 27s: The Greatest Myth of Rock & Roll, dedicado a compositores e cantores de rock que também faleceram nessa idade. Aborda de uma maneira bem ampla os fatos e a superstição envolvida nessa história do 27. Escrito por Eric Segalstad e com ilustrações fodásticas de Josh Hunter, o livro tem poucas fotos reais, mas tudo foi produzido de forma bastante artística. Não existe uma versão em português mas, pra quem gosta, acredito que valha a pena dar uma desenferrujada no "ingrês".

A ORIGEM DO CLUB

O caso que deu o start nessa "bagaça" toda, foi o do guitarrista de blues, Robert Johnson. Alguns fãs, dizem que ele morreu envenenado com whisky batizado com estricnina, em um bar chamado Tree Forks. A bebida teria sido dada pelo dono do estabelecimento, após Johnson ter dado em cima de sua mulher. Ele até sobreviveu ao envenenamento, mas morreu dias depois debilitado devido a uma pneumonia. Já outra versão (a mais legal), é que ele fez um pacto com o capeta!
Para ser um guitarrista "motherfucker", ele levou seu violão e uma garrafa de whisky adulterado a encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarksdale, Mississippi, reza a lenda, que o diabo tomou de suas mãos o violão e afinou em um tom mais baixo, desde então ele passou a tocar da forma como o ouvimos em suas gravações. Son House outro "bluseiro" da época e, que conviveu com o cara, ajudou a espalhar o boato. Ele dizia que, um certo dia, o maluco saiu correndo do bar onde tocavam, dizendo que cachorros negros corriam atras dele e, que horas depois disso, foi encontrado morto com marcas de dentes e feridas no rosto em formas de cruz, com seu violão intacto ao seu lado (bate com o perfil: morte horrível, cães pretos, objetos intactos). O que eu fui saber mais pra frente, é que aquele filme A encruzilhada (Crossroads de 1986), com o Steve Vai (é o único que vale a pena mencionar... tá bom... e o cara do caratê kid) foi inspirado nessa lenda do Johnson e, de vez enquando, algum seriado, tipo Supernatural, explora um pouco o causo.

GENTE BOA, GENTE NÃO TÃO BOA

Quando tomaram conhecimento deste fato, os mais paranóicos, começaram a associar os caras no auge que batiam as botas aos 27, com o mito de Robert Johnson. Foi assim com alguns nomes como por exemplo, Brian Jones, membro fundador do que seria mais pra frente aquela bandica, Rolling Stones. Que foi encontrado morto na piscina de casa.
Outro cara f#d@ que foi pego nessa presepada dos 27, foi Jimi Hendrix. Da mesma forma que antigo vocalista do AC/DC, Bon Scott (que morreu com 33, fique claro), Hendrix se engasgou e morreu asfixiado com o próprio vômito (literalmente, é uma morte muito infantil). Isso foi em setembro de 1970, em outubro, Janis Joplin (cara, na boa, eu sempre achei que ela tinha uns 50 quando morreu) partia para o outro mundo (ou para cumprir seu contrato).
Também mais expressivos, podemos citar: Jim Morrison, em 71, Kurt Cobain em 94 (engraçado que é o ano em que o Bieber nasceu, acho que ele já havia previsto a desgraça) e, a mais nova membro do club, Emy Winehouse (que já não era tão surpresa assim, tendo em vista seu estilo de vida destrutivo, as tentativas de reabilitação e ela dizendo: no no no)


UMA TRISTEZA PARTICULAR

Particularmente, a morte do Kurt Cobain teve em mim um forte impacto, doloroso a curto e, longo prazo. Me lembro de escutar na traidora rádio 89 (que na época era a rádio Rock e que recentemente tenta retomar o título) o anuncio da morte do Kurt. Eu no auge dos meus 14 anos, cheio de rebeldia com os meus discos e cassetes (e uma certa relutância em dar fim aos meus comandos em ação), me achava o "punk transgressor" quando ouvia músicas que eram sujas, agressivas com solos distorcidos de guitarra e letras com o "foda-se" ligado (uma vez fui pescar com uns amigos do meu padrasto em Mato Grosso, e um deles fez questão de contar quantos "Rape me" eram gritados no final da música homônima). Enfim, o grunge era um movimento que surgia, e a molecada sentia que era algo que marcaria nossa geração, assim como outros estilos marcaram suas respectivas épocas. Kurt Cobain junto com o Nirvana, era o nosso principal representante, com as roupas amassadas e desgranhadas e, o estilo introvertido fora dos palcos... seria esse o estandarte dessa "revolução" musical que tanto nos orgulhava, seria ele que ia desmontar de uma vez por todas, aquele visual poser das bandas dos anos 80 que "queimavam o filme" (para um garoto de 14 anos pelo menos). Mas não funcionou bem assim...
Em 5 de abril de 1994, Kurt Cobain, foi encontrado morto com um tiro de espingarda na cabeça e uma carta de despedida:


Engraçado que nem na arma, nem na carta, muito menos na caneta usada, foram encontradas suas digitais. Dizem também que a letra não era dele.
Como fã (apostólico romano), culpei a Courtney, culpei o produtor dela, culpei até o Billy Corgan do Smashing Pumpkins (que teve um caso com ela), amparado na teoria de que Courtney Love tivesse dado cabo dele. Mas isso não mudaria o fato que a minha banda favorita da época, havia acabado. Este foi impacto doloroso a curto prazo. A longo prazo, minha dor em ver algo relacionado ao cantor, veio através das telas, no que seria o pior filme que já vi em minha vida e, se o protagonista não tivesse se matado, com certeza, eu o teria feito. Últimos dias de Gus Von Sant´s é filme moroso, tedioso e tosco, que nem um fã engole (aconselho muito mais o documentário Kurt and Courtney)

CONSIDERAÇÕES INÚTEIS

Fato, é que essa galera vem e vai, o próprio biógrafo de Jimi e que também foi de Kurt, Charles R. Cross, durante suas pesquisas, se deu conta que realmente, as pessoas morrem relativamente em diversas faixas etárias, mas músicos tem uma propensão curiosas de encerrar a "carreira" na terra aos 27.
Pode ser que os 27 anos, coincida com o ápice do sucesso e estresse que todo músico ou figura pública em geral sofre. Recorrendo a bebidas e drogas, tentando tornar a situação um pouco mais tolerável. Uma tentativa de manter o artista vivo, as custas de uma vida pessoal. Mas também pode ser que em alguma encruzilha, nesse exato momento, uma nova estrela da música esteja nascendo enquanto outras se apagam. Pouco interessa, isso apenas prova que, tanto queremos e nada temos, não importa se é por mérito próprio ou "outros" recursos (me lembra muito aqueles desenhos mais antigos e ou alguns episódios de Contos da Cripta, onde toda oportunidade de desejo acaba sendo deturbada pela interpretação de quem os concede), a falta de estrutura e de planejamento de uma carreira (ou de não ler as letras miúdas de um contrato feito pelo diabo), pode fazer que o sucesso que tanto anceia  se torne uma morte no mínimo vexativa, onde ninguém lembrará de seu nome, apenas de seu alter ego.

Caindo eu gritei isso, nos vemos no chão!

2 comentários:

  1. Realmente muito triste ver ídolos do Rock indo tão cedo... É foi e sempre vai ser uma pena perder músicos assim... Porém o legado é eternizado, pois as músicas não morrem... e como uma adaptação a frase "I see dead people" do menino do filme o sexto sentido eu digo "I hear dead people"... rsrsr

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. É triste mesmo, mas de uma forma mórbida, nós valorizamos isso, é uma espécie de necrofilia da arte. Algumas bandas, só tem o seu trabalho respeitado, depois que alguém morre. De cabeça o primeiro exemplo que me vem é o do Sublime, que só começou a fazer sucesso mesmo, depois da morte do vocalista, Brad Nowell. É quase como se vissemos os caras como heróis de guerra.

      Excluir