14 de jan. de 2013

EISTEIN : uma biografia – Jürgen Neffe – Editora Novo Século



EISTEIN : uma biografia – Jürgen Neffe – Editora Novo Século

Sinopse:
Um cientista genial, que mudou nossa concepção de mundo: Albert Einstein, figura fascinante (e mal arrumada também), um homem ao mesmo tempo capaz de atitudes ingênuas e visionárias, repletas de lucidez.

Einstein – uma biografia nos leva a uma viagem ao passado, num verdadeiro mergulho em uma época de plena ebulição científica. Nesta viagem, Jürgen Neffe é o guia, em busca de pistas que nos levem a conhecer uma das mais enigmáticas e importantes personalidades do século XX (além daquelas frases que o povo adora colocar no Facebook e atribuir ao cara).
Em um texto de leitura agradável e humana (isso não é verdade), o leitor é conduzido facilmente por caminhos aparentemente tão complexos quanto os conceitos de “dupla natureza da luz e “linhas geodésicas”, procurando uma resposta à seguinte pergunta: Quais foram as paixões deste homem, um dos maiores gênios de todos os tempos, cujo trabalho reverbera até hoje no espaço-tempo da ciência?

Prólogo:
“E agora o seu cadáver frio está ali, deixado à sua frente todo cortado. Era a última oportunidade para se apropriar de algum pedaço do corpo, antes que fosse levado ao crematório. Algo que um dia a humanidade cobiçaria. De repente, o patologista sente uma oportunidade única, que jamais se repetirá. O caso 55-33 mudará sua vida. Ele toma uma decisão difícil, com muitas consequências.

É parte da rotina das autópsias retirar o cérebro do morto e examiná-lo. Mas o que Harvey faz com o morto Einstein não é parte de seu juramento médico, e nem foi feito para atribuição ou com a autorização de alguém. Ele serra a cabeça do morto e corta o seu conteúdo para retirá-lo. Assim como na cena de Hamlet segurando o crânio, ele segura o cérebro morto. O especialista tem certeza de que naquela rede intricada de nervos, de pouco mais de um quilo, esconde-se a chave para a compreensão da enorme força intelectual criadora do seu dono. Se conseguisse decifrar o segredo do funcionamento daquele órgão, ele, como patologista, obteria a fama e honrarias. Então, ele decide se apropriar do órgão e não devolvê-lo nunca mais.” 

Harvey com um "teco" do cérebro de Einstein.
O texto acima que foi extraído de um apêndice no livro, retrata o dilema do cara que foi encarregado de fazer a autópsia do “presunto” Einstein. Eu fico imaginando a sensação dele, o médico patologista Thomas Stoltz Harvey, quase necrofílica, ao se deparar com aquele corpo. Aposto que se ele tivesse um smartphone, teria postado em toda a sua rede social fotos fazendo pose de gangster e aquele “v” que todo japonês faz quando tira foto, do lado de Albert. Pois ele transgrediu de todas as formas possíveis a leis que norteiam a ética na sua profissão. Em 2007, Harvey foi dessa para melhor também e, três anos mais tarde, seus herdeiros doaram a sua coleção ao Museu Nacional de Saúde e Medicina (NMHM), de Chicago.


Sobre o autor: 

Jürgen Neffe é alemão, nasceu em 1956 e vive atualmente entre Hamburgo e Berlim. Já recebeu uma série de prêmios, entre eles o prestigiado Egon-Erwin-Kisch. É formado em física e biologia, com doutorado em bioquímica (e eu pensando em uma pós). Trabalhou por vinte anos como jornalista e redator na revista GEO, e como correspondente internacional da Spiegel, em Nova York.
Além desta obra, Neffe possui nessa linha biográfica, um livro dedicado a Charles Darwin intitulado: Darwin: Das Abenteuer des Lebens (não deve ter sido traduzido para o português, não encontrei em nenhum lugar qualquer referência, a não ser que tenham achado "chic" o nome em alemão).





Minhas considerações:  

Sou muito fã de biografias e, com tudo que ouvimos falar superficialmente a respeito de Einsten, confesso que me senti bastante interessado sobre o assunto. Vamos deixar claro, em nenhum momento a capacidade intelectual de Einstein e a forma como ele revolucionou a física, é colocada em cheque, porém... Por questões mais comerciais eu mudaria o título do livro para:

EINSTEIN -  Vadio, Promiscuo, Autista e Gênio!

Neffe, teve acesso a arquivos muito pessoais de Albert, cartas recebidas e enviadas que, sem querer, acabaram desconstruindo um pouco a imagem daquele velhinho simpático e descolado de língua pra fora. Em muitos textos, destinados principalmente as suas peguetes, testemunhamos uma linguagem fria e pensamentos muito imaturos que são incompatíveis com aquelas lindas frases que floreiam alguns "Facebook´s" da vida. Porém, verdade seja dita, não tivemos um físico como ele em mais de 300 anos. Desde Isaac Newton, nenhum paradigma relevante havia aparecido até 1905 com a apresentação da Teoria da Relatividade Restrita de Einstein (quer dizer, até deve ter aparecido mas... blhaaaá), mesmo assim encontramos em sua pessoa, um cara desligadão, aquele tipo de pessoa que costumamos chamar de "autista por opção". Antes que me achem um pouco extremista por escrever isso, no livro, é realmente levantada a hipótese de um certo grau de autismo, o que explicaria o nível de abstração de Einstein, que o fazia se desligar de tudo e todos, tornando-o de certa forma, insensível em relação aos sentimentos das pessoas, principalmente esposas e filhos, deixando o concentrado em suas viagens em cometas a velocidade da luz (se sou eu que faço isso, seria no mínimo um idiota). Outra coisa mensionada também, é o lado galinha do físico, várias puladas de cerca e idas frequentes a casa do baixo meretrício. A propósito, fala-se que sua a morte, em abril de 1975, foi fruto de uma sífilis mal curada.
Em relação ao livro, é realmente um conteúdo riquíssimo de informações. Tirando essa parte meio "TI TI TI", tudo o que aborda a vida científica do homem, é bem completo e traduzido para os mais ignorantes (como eu por exemplo), o única coisa para mim, que eu identifiquei como um pouco falho (notem que eu usei o "para mim"), é a cronologia da história. O livro não segue uma sequência muito coesa, e as vezes você fica um pouco perdido. Isso por que, nosso amigo Jürgen criou uma time-line para cada fase da vida de Einstein que ele menciona. Por exemplo, a teoria da relatividade acontece em 1905, você espera que o que seja tratado corresponda a acontecimentos pós esse marco, mas ao invés disto, o autor fica indo e voltando no tempo de acordo com aspecto abordado: vida pessoal, profissional, física e etc. (acontece isso o livro todo) Mas realmente isso não desabona de forma alguma a leitura, só vai exigir um pouco mais de atenção (e algumas canetas "marca-texto" se necessário). Se você curte figuras emblemáticas, física e revistas de fofoca (ou se ainda acha que foi Einstein quem criou a bomba atômica), vale a pena dar uma conferida nesse livro. 


Caindo eu gritei isso, nos vemos no chão!

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